desenho por: Gabriela Neri. |
Quando eu acordo no meio desprovido delas.
Ânsia.
Quando juntas me esmagam com suas falas depravadas, me fascinam.
Buscam mãos em gestos casuais, buscam fala no silêncio,
silêncio corrompido de bancos e saltos, nele, sentado, eu.
No meio, em torno, elas. Todas elas.
brancas, negras, ruivas e loiras.
Ouvi-las é experimentar o sabor de cada fruta
Jabuticaba, melão, tangerinas e lichia.
Escorre esse sumo por mim,
Dentro, o sabor saboreado de maneira doce
Fora, a casca, poca...
Quando poca, abre.
Me abre junto, me acaricia a fundo.
E de uma conversa sobre tudo eu me lavo do mundo.
E se antes era imundo, agora parece que durmo em sono profundo
sem a presença constante delas. S
Sempre plural, derramando sobre mim a anti-existência das.
Acordo de um pesadelo terrível, em que eu me tornava ela.
Sem poder vê-las, pois agora sendo ela, sou somente ela.
E sem olhar, não sinto. Não me sinto.
Acordo, viro de lado e peço.
Respire em meu pescoço e coma uma amora.
Quando colorir a boca de amora escorrente,
coma uma melancia se limpando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário