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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Sempre sono

Sempre que eu deito, durmo.
Em'bolo, me balanço, me fumo.
Envolta de um tecido, deliro,
E o mundo começa a ficar
Passivamente mais Kahlo.
Então eu deito e durmo.
E me param com uns olhos fundos,
Cheio de obra, manobra, malícia.
Os meus, baixo, bem baixo.
Eu, aflita, sem querer ser ambígua.
Ele, afobado, um menino, do mato.



        30/06/2014

Às Pretas.

na foto: Patrícia Chaves.
28/07/2014

domingo, 27 de julho de 2014

Carta a "seu poliça"

Me desculpa seu poliça
se sou preta.
Se já de longe lhe apresento desconfiança.
Se desde cedo não entendo o seu motivo.
Se desde antes eu carrego a minha herança.
Me desculpa seu poliça,
se eu só uso chinela, se minha roupa parece "trapo"
É que o dinheiro desse mês, seu poliça,
não deu nem pro feijão no prato.
Me desculpa seu poliça,
minha falta de educação, é que ao invés de ir a escola,
eu ensinava seus filhos, a não falar palavrão.
Agora me dê licença seu poliça,
que eu não te peço mais desculpa,
Minha paciência se esgotou,
estamos em tempo de luta.
E só pra te lembrar seu poliça
tu é preto que nem a gente
te alembre do nosso povo
povo que tu mata
mata tanto que nem sente.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Uma lapso



Ele fazia esporte
como quem lê o Neruda
Ela era atriz desse mundo
injusto e cruel com o futuro
Ele brincava de jogo
e jogava até com o amor
Ela não atuava direito
se embolava e esquecia o texto
Ele entrava no camarim
sorrindo e questionando tudo
Ela abria um sorriso
Mas por ser desastrada...
tropeçava e caia no chão.
Ele sorria e saia
sem prestar satisfação
Ela achava o máximo
toda falta de intenção.


22/07/2014

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Hoje é dia de Emancipação!

-Anda minha filha, vai lavar as roupa.
- Já tô indo mainha, deixa só secar as outras.

Carreguei um pano nas costas,
dizendo que ia lavar.
Carreguei uma faca na mão,
dizendo que ia amolar.
Carreguei um orgulho comigo
pra mudar o destino desse lugar.

A faca eu até amolei,
pra o homem que levantasse a mão
O pano eu botei foi na cara
pra que poeira nenhuma
tirasse meu pão.
Sertaneja sei como que sou,
sou de lá, foi o sertão que me gerou.
A poeira de lá é mais braba,
vem diretamente do chão.
A poeira daqui é covarde,
arrudêa camuflada 'sem intenção',

Minha faca que eu tinha falado
há muito já tava parada.
Mas minha faca só anda amolada
E quando amolo demais...
Eu finco ela até em coração.
É dia de emancipação!

Hoje o samba anunciou.


Acordei pedindo um samba
Pois o som que já tocava,
De tempo em outro, parou.
Quando acordei, o samba anunciou...
Que faz parte de todo samba
Sofrer por um grande amor.

Mas o samba anunciou...

Que hoje ía comer no centro
Já botei meu vestido rodado, o samba já ta bem alto e o sorriso ficou largo.

Hoje o samba anunciou...

Todo sofrimento que se preze
Um dia se entristece
Com o surgimento de um outro amor

Hoje o samba anunciou...

Que meu samba ta mais bonito
E meus olhos menos aflitos
Pela certeza de meu novo amor

Hoje foi eu quem anunciou

segunda-feira, 7 de julho de 2014

De dentro, amor meu.

Você me ama de uma maneira turva
Louca, da silva, da vida, da vida híbrida.
Com esse amor que tu me ama, eu chacoalho tudo.
A alma, a cama, a morte, a vida.
E é tanto amor que tu me ama,
que mesmo quando não te amo,
o seu amor, me transborda os braços, as pernas.
Refazemos uns laços.
Esse amor que tu me ama, é tão grande durante o tempo,
que eu até cheguei esquecer,
que esse tal 'seu amor'
na verdade saia daqui de dentro.


08/07/2014