Ouço um grito de longe...
Ouço mulheres correndo
um tremor aparecendo
Minhas pernas parecem desequilibrar-se
como se mais fortes ficassem
e uma armadura vai aparecendo
montando todo meu corpo
me armando com flores, não.
Com armas
pendurada em meu corpo,
uma espingarda,
e não
ela não atira flores,
ela atira bala.
Vamos descendo em marcha
saímos do quartel,
descemos as escadas
nos juntamos com outras
que nos aguardam já dentro dos tanques
e máquinas.
Equilibradas, mãos a postos
"- Que se levantem as facas".
Corpo rígido, disciplina internalizada
escudos de titanium
nos cobrem por entre as praças...
Descem milhões de mulheres em marcha
Meu corpo parece amolecer
minha visão fica turva
e interfere sobre meu corpo
um livro com pedidos de ajuda.
Ouvimos um grito,
um corpo parece ter sido atingido
Mulheres se entristecem,
e os olhos viram olhos de bandidos
Avistam de longe corpos em queda
lágrimas em queda
armas em queda
E um grito ecooa por todos os cantos, Latinoamerica!
Uma mulher, de estatura média
com as lágrimas em queda
solta um canto temido,
quase um lamento,
se torna um tormento, mas,
vira um direcionamento
de caminho a ser seguido.
Meu corpo se levanta
meu tronco se ergue
as mulheres reaparecem
seguindo os caminhos pelos corpos caídos.
A cidade está tomada
mulheres reunidas, soltam rajadas
" -Corram, corram"
um mulher grita desesperada.
Chegou a hora
De nos colocarmos front de batalha.
Enquanto corremos, escuto um trecho de uma carta.
" -Enquanto no mundo, não formos livres
a guerra será declarada.
Que se destrua o capitalismo
e tudo com ele que nos maltrata,
Ao racismo, patriarcado quem com ele
anda de mãos dadas"
E uma frase ecoa
" -Que morram os patrões, que nos querem exploradas".
Seguiremos em marcha, até que todas sejamos livres!
7 de março de 2017
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