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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Diga a mãe que eu cheguei


Mais um navio ancorou no chão,
desagua em mar, os pedidos de oração.
Toque de fora, corrente sonora
Minha antecedente reparação.

Mulheres em tetas,
nas noites tão pretas,
no corpo a noite
no olhar, a tristeza.

Tão melancólica, corrente sonora
por dentro o batuque,
e o chicote por fora
no coro abatido a negra implora
que nasça minha filha,
chamada Revolta.

Diga a mãe que eu cheguei
escravizada, e não  rei.
chegaste em vida, libertada
Por nascer filha de escrava,
abolição tal camuflada
Nascerei, a filha armada
Nascerei pra matar-lhe o rei
Diga a pátria,
diga a mátria
que já sei pegar em armas
não serei escravizada,
não seirei mais seu freguês.

Diga a mãe, que o absurdo,
independência, 2 de julho
o vermelho do novo mundo
Com minhas mãos que sangrei.

Diga a mãe que eu cheguei.

8 de julho de 2016

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